"Se eu ao invés de vibrar com a potência da paixão que a/o/e companheira/o/e está vivenciando em uma outra relação afetiva sexual, eu explodo, eu choro, eu me rasgo por dentro."
O que de fato estou rasgando?
Estou rasgando as linhas tênues que construí na minha subjetividade desde de criança, sobre amor romântico e único.
Se ver em extrema vulnerabilidade de não ser única, nem ser a pessoa preferida, e exclusiva, nem a que será o objeto de desejo do outro, dói! Veja o que essa dor quer te comunicar, acolha! Dá para viver, elaborando essa dor e transformando essa experiência em algo benéfico para você, para agregar a sua subjetividade.
Observa-se que papel eu quero numa relação amorosa afetivo-sexual?
Se eu não serei a escolhida a todos os momentos, se talvez eu não seja o olhar que brilha de admiração do outro para mim, então o que resta?
Qual local eu quero me colocar nesse tabuleiro das relações, a princesa que espera o par perfeito, ou a que compreende que o mar revolto me cospe na cara a verdade, de que todos nós somos falhos, desejantes, nem sempre amaremos intensamente a mesma pessoa , nem sempre estaremos apaixonados pelo mesmo....
E será que é tudo bem?
"Será que validar a finitude dos egos e olhar para a complexidade da vida, faz diminuir a dor de saber que não sou desejada da forma que gostaria que fosse?"
Eiiii, garote, garota, garoto, olhe bem pros meus olhos, você é um ser completo e único, mesmo com todas as cicatrizes que insistem em ficar escancaradas quando se coloca a deriva de um amor.
O seu maior amor não está fora. Está em casa, com cada detalhe que você construiu a sua vida, a cada música que escuta e quer vibrar e cantar em voz alta, a cada cadência que seu corpo percorre no mundo, a cada leitura que você compreende mais a sua vida. Você é a própria artesania do seu amor, você compõe isso, não tercerize o seu lindo percurso de amor próprio.
Quando o mar está muito revolto, volte para dentro, a resposta está sempre mais perto do que você imagina.