"Foi só uma batida de porta, foi só um empurrão, foi só um chute, foi só tapa..."Quem nunca ouvi uma dessas frases?
A violência doméstica vem com algumas máscaras, de um amor "acima da média", de um "cuidado excessivo", de "ciúme cauteloso". Essas máscaras tem uma função de confundir e não mostrar de fato o que é preciso ser visto. Os principais sentimentos causados numa relação com violência, é ter uma vítima e um algoz, esse mecanismo só existe, pois tem os dois papéis contracenando.
De um lado alguém que só consegue se ver a partir do olhar do outro, que quer a validação constante daquele olhar, que sente que não pode ter autonomia das próprias escolhas sem antes ter uma aprovação. E do lado oposto alguém que exerce o poder de controle excessivo, compreendendo que suas referências são mais assertivas que o outro, e que tem uma autoestima elevada.
Nessa combinação chave e fechadura, do mecanismo de violência doméstica, a principal maneira de cuidar de alguém que se sente vítima de uma relação abusiva e que não encontra forças nem formas de sair disso, é compartilhar com suas redes afetivas, para além disso se faz necessário observar e ser acompanhada por uma psicoterapeuta, que entenda do ciclo de violência , que não julgue o seu comportamento, que exista espaço para compreender o porquê que ainda é necessário ficar nessa relação. Muitas vezes é dito, "ruim com ele, pior sem ele", mas nessa frase só tem o desejo do outro, e o seu desejo?
Vamos conversar mais sobre isso?